Milão 2024: os insights da feira de design mais importante do mundo

Nesta época do ano, arquitetos e designers do mundo todo ficam de olhos bem abertos ao que acontece no ISaloni, evento mais conhecido no Brasil como Feira de Milão. Em sua 62ª edição, a feira propriamente dita, tem dezenas de pavilhões enormes a serem percorridos.

Mas o que encanta mesmo quem vai a Milão, na Itália, é o Fuorisalone, série de exposições e instalações abertas nos bairros da cidade italiana relacionadas à Arquitetura e ao Design. É inegável o impacto em cores, formas, ideias e composições, que sopram tendências aos ouvidos de quem trabalha com Arquitetura.

Materiais em novos ciclos

Neste ano, entre as exposições mais incensadas, o uso de materiais de descarte esteve mais em alta do que sempre – a coleção Hana-Arashi, de Nendo e Paola Lenti é prova disso. Foi uma das mais visitadas e apontadas pelos profissionais que visitaram a exposição. Restos de fios sintéticos compõem luminárias, poltronas e pufes para área externa.

Em outras exposições, cacos de vidro, de porcelana e sobras diversas assumiram novos postos em olhares refinados. É o design em busca de uma estética mais apurada para o reúso, a fim de elevar o valor do reciclo.

Vidros em múltiplas interpretações

“Sem dúvida, o que está por todo lado com diversas aplicações são os vidros. Transparentes, coloridos, martelados, canelados, em mesas de jantar, de centro e laterais, luminárias, tem por todo lado”, conta a arquiteta Beatriz Quinelato. Para ela, o material ganhará muito espaço nos próximos tempos.

Portais monumentais de 4.8 m de vidro levaram a um contraste interessante no Palazzo Isimbardi, na instalação da Lasvit que materializou essa tendência. Este foi um dos pontos mais incensados do Fuorisalone, idealizado pelo diretor de arte Maxim Vencovsky, e mostrou que o vidro é o material da vez.

É tempo de coragem com as cores

Afinal, elas vêm com tudo. “Cores no mobiliário, eletrodomésticos, louças, metais, há cores em tudo. É o momento de pensar em levar o colorido pra dentro e fora de casa”, aponta a arquiteta Letícia Nanetti.

Na instalação Making Sense of Color, idealizada pelo Google, uma jornada imersiva pelas sensações das cores nos leva a indagar sobre gostos, cheiros e texturas das tonalidades. Prova de que a leitura que nossos sentidos fazem do mundo passa pela nossa percepção das nuances que cada elemento possui.

Marsala: o tom da vez

“Em linhas gerais, o mobiliário faz uma releitura dos móveis antigos, trazendo conforto e tonalidades mais sóbrias. A paleta de terracota mais escura, com marsala e mostarda, vem com tudo. O inox é o material do momento, e não surge só em cozinhas”, aponta a arquiteta Fernanda Rubatino.

Aconchego para enfrentar crises

Entre as previsões para os próximos anos, estão as crises e incertezas oriundas da expectativa da guerra. Nesse sentido, a arquiteta Marina Salomão destaca os formatos curvos, que vêm para dar conforto. “O que mais amei foram as cores e as formas que vi em Milão. Muitos tons terrosos e a partir deles, o colorido entra em tom pastel. A ideia é voltar à nossa essência, ao aconchego. No mobiliário, o arredondado, abraçando o ambiente, me chamou atenção”, conta.

Revestimentos livres

Muitas instalações de arte tocam no tema revestimentos, mas foi a designer francesa India Mahdavi quem levou a melhor desta vez.

Criou oito escadas em 3D envoltas em azulejos para a recém-lançada marca japonesa Alternative Artefacts Danto. Em cores e disposições criativas, chamou atenção.

Impressões que já deixam claro que os próximos tempos serão de conforto, acolhimento e repensamento sobre nossas ações em casa e no mundo.